sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Garrincha (VI): o último Mané

Crédito: Reprodução.

por GUSTAVO MARIANI | Histórias da Bola | jornaldebrasilia.com.br

«Os poetas escrevem que “Garrincha saiu desta vida para viver na história”. Exatamente! No 30 de janeiro de 1983, brincaram os humoristas, ele chegou em uma nova dimensão e já foi convocado, por São Pedro, lhe dizendo: “Vamo qui vamo, Mané! A seleção do Céu está perdendo, por 2x0, do time do inferno. Vá lá, entorte os capetas e vire o placar”, que Deus tá na torcida!

Aqui na Terra, quis o destino que Garrincha encarnasse o papel do “Demônio das Pernas Tortas”, pela última vez, exatamente, pelo Natal de 1982, quando vestiu a camisa de um time amador chamado Londrina, que nem existe mais. O relógio marcava 15h30, no Estádio Adonir Guimarães, em Planaltina. O árbitro Eano Carmo Correa, que iria apitar a pugna, aproximou-se dele e disse-lhe: “Antes de mais nada, quero agradecer-lhe por estar vivo”. Mané não entendeu nada. Eano, então, relembrou-lhe: “No tempo em que eu era do Departamento Autônomo da Federação Carioca de Futebol, fui apitar um jogo em sua terra, Raiz da Serra. De repente, um cara resolveu me desmoralizar, arrancando o apito da minha boca, me chamando de ladrão. Você foi até ele, passou-lhe um carão e o obrigou a devolver o apito e a me pedir desculpas. Só assim saí vivo do campo”, contou.

Instantes depois, naquele 25 de dezembro, o Mané partia pra cima do seu último “João”, como ele chamava os marcadores, dos quais nunca sabia do nome. O cara da vez era Marcelo, isto é, Marcelino Teixeira de Carvalho Branco, que havia combinado, com Manoel Esperidião Filho, o Manelzinho, promotor do jogo, não dificultar a marcação, para a torcida vibrar com o velho Garrincha, que receberia marcação folgada. E, já que seria assim, no primeiro lance, o Mané, malandro, dominou a bola, partiu pra cima do seu último “João”, gingou, a torcida gostou, ele passou e cruzou, não acertando o alvo para a galera gritar “uuuuuhhh!”.

Aos 49 de idade, sem se cuidar, com problemas com o alcoolismo, Garrincha não teria muito o que mostrar. Mesmo assim, colocou para trabalhar o goleiro Paulo Victor, do Fluminense e da Seleção Brasileira, que estava em férias por aqui e foi para o gol do time da Associação de Garantia ao Atleta Profissional do DF. “Mané chutou duas vezes ao meu gol. Da primeira, cobrou uma falta, da entrada da área, e me obrigando a ceder escanteio, na base da experiência; da segunda, passou por dois e cruzou, para eu ceder novo escanteio”, contou o ex-goleiro Paulo Victor, que havia voltado a residir em Brasília.

Garrincha não teve fôlego para jogar durante todo o segundo tempo. Aos 15 minutos, foi substituído por Valdemar Pereira da Silva, um goiano que ficou famoso em sua terra, São Domingos, por causa daquilo. Como o placar foi o que importou, 1x0 para o time da casa, o Mané saiu de campo aplaudido, posando para fotos e distribuindo autógrafos. Na véspera da partida, como se tivesse lido o seu futuro, dissera a Manelzinho, de quem era amigo, desde 1960, quando o organizador do amistoso jogava pelo América-RJ: “Talvez esta seja a minha última partida” – e foi.

Antes do jogo daquele Natal de 1982, Garrincha havia jogado só duas vezes no DF. Nos amistosos Botafogo 6x0 Clube de Regatas Guará, em 17 de setembro de 1961, quando marcou um gol, e Flamengo 3x1 Seleção Brasiliense, em 3 de março de 1969. Como botafoguense, a patota era: Manga (Adalberto), Cacá, Zé Maria, Chicão e Nilton Santos (Rildo); Garrincha, Amoroso, Amarildo (Aírton) e Zagallo. Já o seu time flamenguista teve: Dominguez, Marcos, Onça, Manicera e Paulo Henrique; Rodrigues Neto e Liminha: Garrincha (Cardosinho), Dionísio (Zezinho), João Daniel e Arilson (Reyes). Na última patota do Mané, todos os atletas do Londrina jogaram: Luis Ribeiro, Joel, Paulo Ferro, Vicente e Tonho Esteves; Israel, Tião e Amauri; Garrincha, (Valdemar),Tião Mafra, Paulo Lira, Tião Jorge, Apolinário, Pires, Geraldo Martins e Cirilo.»

Fonte: jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/o-ultimo-mane-2/

Eleito carro do século XX, clube eleito pela FIFA entre os melhores

 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Coletânea Biográfica – 7 Meio-campistas (n.º 10)

Afonsinho / Reprodução.

Futebolistas selecionados por RUY MOURA, SERGIO DI SABBATO & JOSÉ VANILSON JULIÃO | Editor e Colaboradores do Mundo Botafogo

Oitava publicação da série ‘Coletânea Biográfica’ – meias que atuaram pelo Botafogo de Futebol e Regatas.

Afonsinho: o rebelde

https://mundobotafogo.blogspot.com/2013/07/afonsinho-o-rebelde.html

Carlos Alberto Dias: um meia-avançado habilidoso

https://mundobotafogo.blogspot.com/2018/01/carlos-alberto-dias-um-meia-avancado.html

Parada: um craque de passagem…

https://mundobotafogo.blogspot.com/2017/06/parada-um-craque-de-passagem_17.html

Paulo Cézar Caju: desfilando elegância

https://mundobotafogo.blogspot.com/2013/07/paulo-cezar-caju-desfilando-elegancia.html

Sicupira: um grande atleta entre campeões do mundo

https://mundobotafogo.blogspot.com/2019/03/sicupira-um-grande-atleta-entre.html

Thiago Almada: “apoia, cria e emociona”

https://mundobotafogo.blogspot.com/2025/09/thiago-almada-apoia-cria-e-emociona.html

Zagallo: a ‘Formiguinha’

https://mundobotafogo.blogspot.com/2009/08/mario-zagallo-formiguinha.html

Botafogo em todo lugar!

O penetra no time do Banco do Brasil em Mossoró/RN. Anos 1960/70.

Gentileza de JOSÉ VANILSON JULIÃO | Colaborador do Mundo Botafogo | Editor do jornaldagrandenatal.blogspot.com

Elenco da Associação Atlética Banco do Brasil: Siné, Ricardo Guilherme Gois, Manoel Wilson Siqueira, Benicio, José Patrício Oliveira Oliveira, Rogério, Chico Guerra, José de Arimatea, Lupercio Luiz Azevedo, Castro e José Ariosmar Nogueira Júnior.

Garrincha (VI): o último Mané

Crédito: Reprodução. por GUSTAVO MARIANI | Histórias da Bola | jornaldebrasilia.com.br « Os poetas escrevem que “Garrincha saiu desta vi...